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A pergunta de milhões: Vai haver segundo turno entre Lula e Bolsonaro?

A pergunta de milhões: Vai haver segundo turno entre Lula e Bolsonaro?

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Todas as pesquisas indicam uma diferença entre dez e 12 pontos entre Lula e Bolsonaro. A maioria mostra que pode, sim, haver um final de eleição já no dia 2 de outubro. Mas antes de sabermos se vai ter segundo turno outro ponto há um outro questionamento: como a política mudou tanto?

Desde a abertura democrática nunca vimos uma perda de legitimidade tão grande dos partidos políticos. Para vocês terem uma noção, em 1994, os cinco maiores partidos políticos do país detinham 70% das cadeiras no Congresso Nacional. Em 1998 esse número atingiu o auge, com 78%. Em 2018, ano da eleição do presidente Jair Bolsonaro, esse número caiu para 41%. O que isso nos mostra? A perda de identificação do eleitor com os partidos políticos.

Para efeito de comparação, PT e PSDB sempre protagonizaram o embate político no Brasil. De 1994 a 2014 esses dois partidos detinham, respectivamente, 84% e 71% dos votos em campanhas presidenciais. Em 2018, os dois partidos juntos, somaram 34%. O que isso significa? Primeiro que estamos vivendo um momento único na política.

O presidente eleito em 2018 era de um partido inexpressivo e depois ficou uma boa parte de seu mandato sem qualquer partido. O que reforça meu ponto da quebra total de identificação do eleitor com partidos. A política, é hoje, literalmente, de personagens. Isso explica muito da eleição de Bolsonaro em 2018. Contra um Fernando Haddad inexpressivo, acadêmico e formal, um Messias agressivo, com frases de efeito e uma campanha que beirou o tosco mas flertou muito fortemente com apoio popular, Bolsonaro se transformou no mito da direita sem qualquer estrutura partidária significativa por trás.

Em 2022, contra um Lula igualmente vindo das massas, não consegue reinventar seu papel. A embalagem de 2018 ficou velha e menos atrativa em 2022. Bolsonaro e Lula, e aqui respondo à pergunta do título desse texto, são dois mitos políticos muito fortes. Além de eleitores, têm um corpo social muito coeso que é bem possível que leve a disputa para o segundo turno. Alguém imaginaria os seguidores desses dois políticos desistindo antes do tempo? Não. Pois essa é a lógica aplicada.

Mas como não tenho bola de cristal, existem impeditivos sérios na campanha de Bolsonaro que, ou ele os negligencia ou não enxerga mesmo. Bolsonaro nunca falou para o nordeste e para as mulheres. Num pleito eleitoral tão acirrado não mudar a estratégia comunicacional e direcioná-la para esse eleitor beira a loucura. E, Bolsonaro não o faz. Não naturalmente. Uma das máximas do marketing eleitoral é quando você tenta seduzir um eleitoral explicitamente esse eleitor tende a recuar. É isso que o Auxílio Brasil faz em época de eleição. É isso que o aceno há 15 dias das eleições fez. Não soa natural e o eleitorado rejeite. Isso explica a rejeição de João Doria, que mesmo tento lutado pela vacina, foi refutado do jogo político. Sedução ostensiva.

Somados a quatro anos de desgaste, para Bolsonaro não sobra muita coisa a não ser disputar o sentimento de rejeição a Lula, que ele perdeu a chance no debate do SBT. Com 80% da população afirmando que já tem seu voto decidido e com índices de rejeição, dos dois lados, beirando os 50%, a única estratégia possível e tirar votos do seu maior oponente, quase igualmente rejeitado. Mas no SBT Bolsonaro se perdeu. Falou novamente para a bolha dele. Como tem feito nesses quatro anos.

E, quando vejo o ex-presidente Lula fazendo comparações perigosas com grupos supremacistas brancos, o que identifico é que, independente do próximo governo, teremos quatro anos de revanche. Diante de tudo isso, respondo: historicamente deve haver segundo turno. Mas que seja com o candidato que você acredita. Não deixe de fortalecer aquele que não tem tantas chances na eleição em detrimento de quem só quer aniquilar o inimigo. E, que eles se encontrem no segundo turno. E tenham mais tempo para pensar nessa política que estão disseminando: a do inimigo como alguém a ser aniquilado. ELE NÃO.

Por: 
Foto: Poder 360

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