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Janeiro Roxo: detecção precoce ainda é desafio no combate à hanseníase

Janeiro Roxo: detecção precoce ainda é desafio no combate à hanseníase

Data de Publicação: 18 de janeiro de 2024 19:37:00

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A hanseníase é uma doença contagiosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae. “Os sintomas iniciais são manchas avermelhadas, acastanhadas ou mais claras que a pele, sem sensibilidade. Em uma fase mais avançada da doença, podem ocorrer deformações irreversíveis e até perda de membros”, destaca. O dia 26 de janeiro é o Dia Mundial Contra a Hanseníase e por conta da data, o mês ganhou a cor roxa para alertar a sociedade sobre a doença, que possui tratamento gratuito por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

Números

Apesar dos esforços para combater a hanseníase, o Ceará ocupa a sexta posição entre os estados que mais registram casos da doença. Já o Brasil é o segundo país no mundo neste ranking. De acordo com o boletim epidemiológico mais recente, divulgado no dia 12 de janeiro pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), entre 2010 e 2022, foram notificados 22.248 casos. Destes, 1.115 eram casos em menores de 15 anos, o que sugere a presença endêmica da doença.

O Centro de Dermatologia Dona Libânia foi responsável pelo diagnóstico de 25% das notificações no Ceará em 2022. Dos casos registrados neste ano, 11,3% dos pacientes apresentavam Grau de Incapacidade Física 2, que se refere a alterações motoras em olhos, mãos, ou pés ou deformidades visíveis irreversíveis.

Para evitar esse tipo de sequela, é importante a detecção precoce, aponta a dermatologista Araci Pontes. “A hanseníase tem cura e, desde a década de 1980, os antibióticos são altamente eficazes. Por isso, o paciente deve iniciar o tratamento o quanto antes, para interromper a transmissão e não ter sequelas. A medicação já interrompe a transmissão na primeira semana”, diz.

Os Postos de Saúde são as portas de entrada para o diagnóstico dos casos de hanseníase. “Nas Unidades de Atenção Primária é realizado o tratamento por meio da poliquimioterapia (PQT) com dose supervisionada mensal. Além disso, são avaliados os contatos domiciliares das pessoas diagnosticadas com a doença. A Atenção Primária à Saúde é parte elementar no manejo clínico da hanseníase”, destaca a assessora técnica da . Coordenadoria de Atenção Primária à Saúde (Coaps), Ercelina Cavalcante.

O período de tratamento pode variar de seis meses a um ano, com antibióticos de uso diário, fornecidos pelos postos de saúde. “O diagnóstico, feito na atenção básica, é eminentemente clínico, baseado na observação. O teste principal é o de sensibilidade térmica, em que comparamos a sensibilidade da pele sadia e da pele com lesão”, explica.

 

O estigma social em torno da doença ainda é muito forte. No entanto, o antídoto para o preconceito é a informação. “Com a descoberta do tratamento, até o nome da doença, que era lepra, mudou para hanseníase. Hoje, é totalmente curável. E o paciente pode conviver normalmente com sua família, realizar suas atividades, trabalhar. Por isso, se você notou algum desses sinais iniciais, como dormência na pele ou manchas, não tenha medo do diagnóstico. Procure uma unidade de saúde o quanto antes. Rapidamente, você vai estar curado e sem nenhuma sequela”, garante.

O que é hanseníase?

A hanseníase é uma doença infecciosa e contagiosa, causada pela bactéria Mycobacterium leprae, também conhecida como bacilo de Hansen. A patologia atinge a pele, os nervos e as mucosas e pode gerar danos permanentes, caso seja diagnosticada tardiamente.

Os indivíduos acometidos pela doença podem chegar a perder a força muscular, ter lesões neurais, além de alterações na sensibilidade tátil, ao calor e à dor. Isso faz com que, em quadros graves, a pessoa fique incapacitada.

Como ocorre a transmissão?

A transmissão da hanseníase de dá por meio de gotículas eliminadas na fala, tosse, espirros ou secreções nasais por indivíduos em fase adiantada da doença e não tratados. O contato com a pele ou objetos tocados pela pessoa não causa o contágio.

É importante ressaltar que indivíduos que realizam o tratamento da doença deixam de transmiti-la e, como dito anteriormente, a maioria das pessoas é resistente à bactéria e não chega a desenvolver a patologia.

Sintomas

Os sinais da hanseníase podem surgir de forma comedida e se arrastar por anos. Por isso, é tão importante se atentar a eles antes que se tornem tão notórios. Veja abaixo quais são os sintomas da doença:

Manchas em qualquer parte do corpo, que alteram a sensibilidade do tato, ao calor ou à dor;

  • Sensação de formigamento, fisgadas, câimbras ou dormência em braços e pernas;
  • Regiões sem manchas, mas com alteração considerável em sua sensibilidade e eliminação de suor;
  • Caroços pelo corpo;
  • Nervos engrossados ou doloridos;
  • Irritação nos olhos;
  • Perda de força muscular, principalmente ao tentar segurar objetos;
  • Feridas que demoram a curar;
  • Sangramentos, feridas e entupimento no nariz.

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