Na avaliação do cacique Urutau Guajajara, da Aldeia Maracanã, no Rio de Janeiro, o Censo do IBGE que apontou que o Brasil tem quase 1,7 milhão indígenas ainda é bastante subestimado.

O líder indígena acredita que o número dessa população pode ser muito maior, a exemplo de países da região amazônica, que fazem fronteira com o Brasil. Em percentual, os indígenas, de acordo com o último censo, representam 0,83% da população brasileira.

Junior Yanonami, presidente da Associação Yanomami de Roraima, concorda que o número de indígenas no país pode ser maior, pela dificuldade de acesso a muitas comunidades isoladas, mas observa que os episódios de violência e também questões sanitárias podem ter impactado de forma importante o censo dessa população.

Na análise do antropólogo Ricardo Ventura Santos, pesquisador da Fiocruz e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o fato de o Brasil ser um dos países das Américas com menor proporção de indígenas tem relação com a coleta de dados censitários. Em mais de 150 anos de realização do censo, somente em 1991 o questionário passou a incluir de forma permanente a opção “indígena” no quesito cor/raça.

O pesquisador observa que o IBGE vem aprimorando o trabalho e a análise das informações e considera um marco significativo o último recenseamento apontar mais de um milhão de indígenas.

O pesquisador destaca ainda que há um potencial de análise desses dados muito importante para o direcionamento das políticas públicas em várias áreas, como por exemplo, os dados de mortalidade da população indígena.

Além de políticas públicas que garantam saúde, paz, liberdade para a população indígena, Júnior Yanomami, espera que o novo governo cumpra a promessa de demarcação das terras.

O IBGE ainda vai divulgar mais dados da população indígena coletados no censo 2023, com informações relacionadas a etnias, línguas faladas, saneamento entre outras.

Com colaboração da TV Brasil e da Agência Brasil.