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Pesquisa aponta maior consumo de álcool na pandemia por brasileiros com diabetes

Pesquisa aponta maior consumo de álcool na pandemia por brasileiros com diabetes

Segundo dados da plataforma de telemedicina Glic, a ingestão de bebidas alcoólicas se tornou mais frequente também entre pacientes com diabetes tipo 1 após a chegada da Covid-19 no Brasil

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Dados anteriores já davam conta de que a população em geral vinha consumindo mais álcool durante a pandemia. Pois uma nova pesquisa indica que pessoas com diabetes tipo 1não são exceção. Realizado com dados da Glic, uma plataforma de telemedicina que tem o apoio do Einstein e que dá suporte a indivíduos com essa doença, o estudo indica que a frequência desse hábito praticamente dobrou nesse grupo.

Dos 56870 usuários com diabetes tipo 1 inscritos na base de dados desse sistema, 20829 registraram a ingestão de bebidas alcoólicas entre janeiro de 2019 e dezembro do ano passado. A partir dessas informações, notou-se que, foram contabilizados 178 574 registros de consumo de álcool em 2020, contra 95 357 em 2019. Isso representa um aumento de 1,84 vez de lançamentos no sistema — houve, portanto, uma maior frequência deingestão.

O levantamento também indica que mais indivíduoscom diabetes tipo 1 passaram a beber durante a pandemia. Em março de 2020, quando os casos de Covid-19 no Brasil ainda eram pouco, 5% dos usuários registraram a ingestão de álcool. Já em outubro do mesmo ano — época em que o Sars-CoV-2 estava disseminado, esse número subiu para 20% (quatro vezes mais, portanto). A pesquisa foi apresentada no 4º Workshop de Diabetes, da ADJ Diabetes Brasil.

A endocrinologista Karla Melo, da equipe de diabetes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, é uma das autoras da investigação. Ela agora pretende descobrir se, na pandemia, o volume de bebidas ingeridas por sessão também aumentou para avaliar se há abusos.

Segundo Melo, ainda não dá para saber ao certo se o exagero nas bebidas é especialmente nocivo para pacientes com diabetes. “Os resultados são controversos. A maioria dos estudos aponta um risco adicional de hipoglicemia, que alguns indivíduos têm e outros, não”, pondera.

A hipoglicemia é marcada por uma queda abrupta da glicose no sangue, o que pode provocar mal-estar, perda de consciência e até consequências mais graves. O álcool favorece o quadro, porque compromete a atuação do fígado, justamente um dos responsáveis por dosar a concentração de glicose no sangue. E como indivíduos com diabetes tipo 1 já sofrem com a regulação da glicose, os efeitos das bebidas alcoólicas seriam mais acentuados nesse quesito.

Além disso, Karla lembra que o abuso pode provocar ganho de peso e afetar o coração, o que complica o tratamento do diabetes.Daí porque ela recomenda limitar esse hábito. “Para mim, proibir a bebida alcoólica não funciona. Devemos orientar e educar quanto aos volumes e limites aceitáveis”, sugere.

Sociedades médicas indicam ingerir, no máximo, dois drinques por dia para mulheres e três para homens. Para minimizar a probabilidade de hipoglicemia, o recomendado é não fazer isso em jejum — considerando a medicação, claro.

O que é diabetes tipo 1?

Essa doença é marcada por um ataque das próprias células de defesa do organismo ao pâncreas. Com isso, o órgão deixa de produzir insulina adequadamente. E é esse hormônio o responsável por inserir a glicose nas células como forma de combustível. Daí porque a glicemia aumenta. Não há cura para o diabetes tipo 1, mas os tratamentos atuais permitem um bom controle.

 

Fonte: Alexandre Raith, da Agência Einstein

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